Fazer uma resenha sobre esse livro foi um desafio para mim. Porque nada que eu escreva conseguirá fazer jus à escrita de Charlotte Brontë, muito menos a sua genialidade. Com esse livro ela nos mostrou como era difícil uma mulher pobre viver naquela época, onde uma sociedade machista e mesquinha vivia apenas para o título, onde nenhuma mulher tinha voz, perante nada. Não conseguirei expressar o quão tocante é a história da vida de Jane Eyre, nem como ao decorrer das paginas a dor dessa menina virou também a minha dor. Me peguei com os olhos marejados torcendo para que algo bom pudesse acontecer com ela. Jane é uma heroína. Minha heroína.
"Não sou um pássaro, e não fui presa em uma armadilha. Sou um ser humano livre com minha vontade independente."
No começo do livro Jane é apenas uma criança, tentando entender o desprezo tão grande que a tia sente por ela. Seus pais morrerão quando ainda era um bebê, logo foi levada para a casa de seu tio de sangue onde poderia ser cuidada. Mas infelizmente seu tio adoeceu e morreu, mas não antes de fazer sua esposa prometer criar e cuidar Jane como se fosse sua própria filha, mas não foi bem assim que as coisas seguiram.
Seu primo lhe agredia e humilhava cada dia mais, suas primas a desprezavam e ignoravam como a mãe. Jane era infeliz. Sem saber se controlar após um ataque do primo que lhe arrancara sangue, Jane se descontrola e põe pra fora toda sua ira, de anos de humilhação e agressão gratuitas. A tia não gostando nada do seu comportamento, castiga mantendo-a reclusa em seu quarto. Jane acaba adoecendo e um médico é chamado para vê-la, em uma conversa com o médico Jane lhe conta que é infeliz e que tudo o que mais deseja é ir embora daquela casa, quem sabe para uma escola para moças.
E é exatamente isso que lhe acontece, só que esse lugar é uma escola religiosa para moças que sobrevive por meio de doações de caridade. Um lugar decadente, com regras rigorosas, e suprimentos escassos. Nada de luxo, ou fartura na comida. Um lugar sem nenhum conforto para uma criança, mas por incrível que pareça Jane preferia ficar ali, do que voltar para o luxo da casa aonde não era querida.
"Cansei-me da rotina de oito anos, em uma única tarde. Desejei a liberdade, suspirei a liberdade, rezei uma prece pela liberdade que me pareceu ser levada pelo vento que soprava."
Depois de longos oito anos em naquela instituição, Jane está com dezoito anos e percebeu que se acomodou com a situação, que deseja sair dos portões da escola e buscar o seu lugar no mundo. Com essa ideia em mente ela decide por um anúncio em um jornal para trabalhar como tutora de alguma criança. E é assim que ela vai para outra cidade, trabalhar como professora de uma criança francesa. Mas o que Jane não poderia esperar é que esse emprego lhe seria apresentado o amor, em forma de homem, seu patrão Senhor Rochester.
"Eu o olhava, e era agudo o prazer que isso me proporcionava, um precioso e pungente prazer qual ouro puro com um ponto de agonia duro como o aço. Um prazer como o que deve sentir o homem morto de sede que constata que o poço até ao qual rastejou está envenenado, e mesmo assim se inclina e bebe goles divinos. A maior verdade é que a beleza está nos olhos de quem vê."
Vale ressaltar duas coisas muito bacanas dessa versão publicada pela editora Martin Claret. Tem uma capa bem bonita que nos ajuda a imaginar a propriedade do senhor Rochester, quando Jane nos fala sobre. E vem um prefácio escrito pela própria Charlotte Brontë, algo que na primeira edição do livro original não teve, ela só decidiu pelo prefácio a partir da segunda edição. Então se você é aquele tipo de leitor que pula cartas, prefácios e afins escritos pelo autor(a) para ir direto a história, por favor não faça isso. Esse prefácio irá te mostrar a mente brilhante, dessa incrível autora. Boa leitura!
Título: Jane Eyre
Autora: Charlotte Brontë
Editora: Martin Claret
Páginas: 779
Brochura
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