“ As vezes, eu te amo é o mais difícil de dizer”
O livro se passa no período mais crítico, creio eu, de qualquer pessoa. Aquele em que são jogadas em nossas costas diversas responsabilidades, onde todos os nossos atos são julgados de forma diferente e somos alvos de tudo, onde nosso corpo e mente estão em constante mudança e tudo o que queremos é nos divertir antes que o mundo adulto nos alcance. Sim, eu estou falando da adolescência!
Amy e Matthew são adolescentes e estudam na mesma escola, mas vivem realidades diferentes. Amy é de uma família rica, sua mãe super protetora tem grandes planos para filha ir para faculdade, essa por sua vez tem paralisia cerebral, não consegue andar sem ajuda de alguém ou de um andador, e nem controlar suas expressões faciais, além de babar com frequência, fala através de um aparelho de computador com voz automatizada. Porém nada disso a impede de ser se não a melhor, uma das melhores alunas da escola, além de ter um QI altíssimo.
“ Do modo geral, ela era bem parecida com as outras garotas. Tinha cabelos louros cacheados que iam até o meio das costas[...] Claro, ela não conseguia andar sem sua engenhoca, mas, tirando isto, não tinha nenhuma característica particularmente bizarra. Sim, a boca ficava constantemente aberta. Sim, ela babava tanto que usava um babador durante a maior parte do tempo, no entanto não era uma aberração.”
Já Matthew com os pais divorciados mora apenas com a mãe, é tímido, está sempre atormentado por seu transtorno obsessivo‐ compulsivo, possui rituais neuróticos comandados por uma voz que ele diz surgir em sua cabeça, mandando ele lavar as mãos duas vezes antes do almoço, até os cotovelos e repetir o mesmo após. Verificar as torneiras repetidas vezes, contar tudo compulsivamente além de ter pensamentos repetitivos.
“Contar era um alívio. Quase um prazer. Uma forma de medir e de controlar um mundo que, de outra maneira, girava depressa demais para ele.”
Eles começam a se relacionar depois de Matt ser tão direto com Amy dizendo que ela NÃO É FELIZ, que ninguém na condição dela pode ser feliz, andando pelos corredores sempre com um adulto para auxiliar o caminho, tendo que falar através de um computador além de está sempre cercada de pena. Depois desse choque de realidade Amy começa a prestar mais atenção naquele menino quieto que vive pelos cantos dos corredores e se vê extremamente fascinada por ele. É aí que tem a idéia “livre‐se do adulto e talvez você faça amigos”, diz a mãe que em seu último ano escolar quer estar cercada de pessoas da sua idade e não os adultos auxiliares de costume. A contra gosto sua mãe aceita e um dos pedidos de Amy é que Matt seja um desses adolescentes que iram ajudá‐la.
“ Preciso de alguém que fale sinceramente comigo sobre tudo. Você é a única pessoa que já fez isso. Talvez não tenha essa noção, mas, quando se tem uma deficiência, quase ninguém fala a verdade para você. As pessoas ficam constrangidas porque a verdade parece triste demais, eu acho. Você foi muito corajoso em ir até a garota aleijada e dizer basicamente: apague essa expressão feliz do rosto e enxergue a realidade. É isso que quero que você faça ano que vem. Que me diga a verdade. Só isso.”
Quando começam a se ver com freqüência ela percebe que Matt também tem seus próprios problemas, seu transtorno está cada vez maior e mais evidente, além de Amy ter a leve desconfiança de que Matt tem Toc. Matt acha que não tem nada de errado com ele e a princípio fica chateado e constrangido quando Amy começa questiona‐lo querendo oferecer ajuda, mas quando de fato a amizade começa junto com um sentimento novo em que nenhum dos dois sabe explicar começa uma jornada linda de amor, aceitação e superação.
E tudo isso é apenas o começo dessa extraordinária história de amor.
Título original: Say what you will
Autora: Cammie McGovern
Editora: Galera
Páginas: 333
Brochura
Nenhum comentário:
Postar um comentário