“ É melhor ser temida que amada”
Gillian Flynn é uma das minhas autoras favoritas, seu livro mais conhecido Garota Exemplar, teve sua aparição mais que bem-vinda nas telinhas. Sua primeira obra que não fica atrás é um livro maravilhosamente surpreendente do começo ao fim, Objetos Cortantes sem sombra de dúvidas é um dos meus livros favoritos. Instigante desde o princípio, e com uma escrita inteligente, Gillian te apresenta uma história que vai chocar você de incontáveis maneiras, vai fazer você pensar no significado da palavra família, casa e acima de tudo como a dor da perda pode te assombrar para o resto da vida.
Camille Preaker é uma repórter de um pequeno jornal de Chicago, que teve uma infância fora do normal, desde que se lembra tem um relacionamento difícil com sua mãe Adora, que só piorou ainda mais com a morte de sua irmã mais nova Marian quando ainda eram crianças. Camille não supera a perda e ainda se recente por não receber o amor de sua mãe, com o psicológico abalado, ela cria o hábito de se cortar, não apenas se cortar e sim escrever em si mesma durante anos e anos, braços, pernas, barriga, seios entre outro lugares.
“Eu me corto, sabe? E pico, e fatio, e gravo e furo. Sou um caso muito especial. Eu tenho determinação. Minha pele grita,vê? Está coberta de palavras – cozinha, cupcake, gato, cachos -, como se um garotinho com uma faca tivesse aprendido a escrever em minha pele.”
Isso é apenas uma das coisas escuras de Camille, além de sua compulsão por escrever em sua própria pele, ela tem como sua amiga intima a bebida. Camille e sua mãe realmente não se dão bem, ela ainda ganha uma irmã uns anos depois da morte de Marian, e Adora sua mãe parece amar a criança da mesma forma que amou Marian mas nunca a Camille.
“Sempre me senti triste pela garota que eu era, porque nunca me ocorrerá que minha mãe poderia me consolar. Ela nunca me disse que me amava, e nunca supus que sim.”
Ainda não completamente recuperada de seus problemas mas tentando seguir em frente vivendo bem longe de sua mãe e de tudo que a cidade em que nasceu representa, ela se vê obrigada a voltar quando o caso de homicídio de uma menina e o desaparecimento de outra acontecem em sua cidade e seu chefe a manda para fazer a reportagem e ficar a par das notícias. Camille de maneira nenhuma quer voltar, porém ela não tem escolha. Quando chega na cidade, uma série de lembranças reprimidas a anos vem a tona, nenhuma delas agradáveis ou se quer bem-vindas, porém o mas difícil será ter que viver sob o mesmo teto que sua mãe, seu padrasto e a sua meia-irmã Amma.
Amma não é uma boa pessoa, nem sequer agradável de lidar, com 13 anos mas com corpo de 16, Amma manda e desmanda em todos. Pelas costas de seus pais faz coisas que não são para sua idade, e revela sua verdadeira face toda vez que Camille está por perto. A princípio Camille esta extremamente focada no desaparecimento, mas depois quando de fato é achado o corpo da segunda vítima uma menina chamada Natalie Jane de apenas 10 anos e assim comprovada sua morte, percebe se que essas meninas tem muitas coisas em comum com a nossa Camille.
“ – Teimosa. Como aquelas garotas. Tentei me aproximar daquelas garotas. Tentei me aproximar daquelas garotas,das garotas mortas.
- O que quer dizer com se aproximar delas?
- Elas me lembravam você, correndo selvagemente pela cidade. Como animaizinhos lindos. Pensei que se pudesse me aproximar delas, entenderia você melhor. Se pudesse gostar delas, talvez pudesse gostar de você. Mas não pude.”
Na busca em encontrar o assassino, e entender melhor os fatos de sua infância e a morte de sua irmã, além de tentar contornar a situação com sua irmã caçula, Camille se vê envolvida em uma série de situações que deixam você em um grau muito além do fascínio e da curiosidade, te intriga com o mistério das mortes fazendo você suspeitar de tudo e de todos. Objetos Cortantes não é um livro qualquer, sua história te consome até a ultima página, além de deixar você com uma boa ressaca literária, porque depois que você ler, você ainda vai se pegar pensando nele por um longo, longo tempo.
Livro: Objetos Cortantes
Título original: Sharp Objects
Autora: Gillian Flynn
Páginas: 254
Editora: Intrínseca
Brochura
Eu amo o livro por fora e por dentro. Gillian Flynn tem o dom de ser uma escritora atual que consegue me convencer a ler seus livros através apenas da sinopse. Isso é um fato. O livro é bem escrito, todo em primeira pessoa e apresenta todos os acontecimentos e personagens sob a dimensão de Camille. A estrutura narrativa é bem montada, não sobra espaço para confusão e o desfecho é levemente deduzível, contudo até o último momento torcemos para que estejamos errados. Por outro lado a série Objetos cortantes estreou no domingo na HBO. Produção é inspirada em livro homônimo de Gillian Flynn. No primeiro episódio, Objetos cortantes vai aos poucos inserindo a história, que envolve tanto o mistério dos assassinatos quanto o mistério envolvendo o passado de Camille, uma mulher receosa da mãe, assombrada pelos fantasmas do passado que envolvem a morte de uma irmã, viciada em bebidas alcoólicas e também em automutilação. Mesmo assim, isso não torna a série lenta. Pelo contrário, ao entregar pouco, a produção faz com que o espectador queira seguir nessa história, que promete muitas reviravoltas. Visualmente, Objetos cortantes também é muito interessante. As cores extremamente fortes das cenas contrastam com a atmosfera de mistério que envolve a história. Outro ponto alto são os debates que a minissérie vai abordar como a relação entre mãe e a filha e, claro, a automutilação, algo que atormenta a vida da protagonista.
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